25 das maiores empresas do mundo com meta de “emissão zero” estão sem estratégia real de redução de emissões de gases do efeitos estufa

Vida de Empresa - Sustentabilidade 10 de fevereiro de 2022
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Um estudo divulgado pelas ONG europeias NewClimate Institute e Carbon Market Watch, e publicado pelo “Financial Times” aponta que grandes empresas globais com metas de “emissão zero” de gases do efeito estufa no longo prazo não possuem uma estratégia clara para atingir esse objetivo. Segundo os autores, isso pode representar tanto um desejo sem medidas efetivas para alcançá-lo como apenas peças de propaganda. 

O levantamento aponta que, embora a maioria das empresas analisadas tenha recebido avaliações climáticas positivas de grupos ambientalistas, alguns dos planos possuem  “brechas” que prejudicam a integralidade da meta de emissão líquida zero no longo prazo.

Das 25 empresas avaliadas no relatório Corporate Climate Responsibility Monitor – que representam 5% de todas as emissões de gases de efeito estufa globalmente e têm receita anual combinada de US$ 3,2 trilhões – metade não tem meta absoluta de redução de emissões para sua “emissão líquida zero”. Unilever, Nestlé, BMW, Eon e Accenture estão entre as multinacionais listadas como tendo metas climáticas de “baixa integridade” , indica o estudo.

Desse total de grupos analisados, apenas uma, o grupo de navegação AP Moller-Maersk, apresentou “integridade razoável” em sua meta climática. Mais três empresas – Apple, Sony e Vodafone – foram encontradas com integridade “moderada”. As 21 restantes apresentaram integridade baixa ou muito baixa em suas metas climáticas. Muitas das empresas criticaram este estudo.

“Não há regulamentação ou responsabilidade suficiente para essas empresas, elas têm essencialmente um passe livre”, disse Thomas Day, principal autor do estudo e sócio fundador do NewClimate Institute. “No final, o que é realmente importante não são essas reivindicações líquidas zero, mas sim com o que elas realmente se comprometem.”

As ONGs procuraram as empresas. Muitas destas companhias insistem que seus compromissos estão de acordo com os padrões globais aceitos. Mas as metas voluntárias de redução são amplamente aplicadas e certificadas por um punhado de grupos sem fins lucrativos, alguns de cuja metodologia o relatório criticou.

A empresa energética alemã Eon, por exemplo, prometeu reduzir as emissões em 100% até 2050. Sua meta, contudo, exclui a energia vendida para mercados atacadistas, no entanto, que responde por cerca de 40% de suas vendas de energia, segundo o relatório. A Eon disse que essas vendas foram excluídas para evitar dupla contagem das emissões dos clientes, em linha com os padrões amplamente utilizados do Greenhouse Gas Protocol, e que “o Corporate Climate Responsibility Monitor 2022 não corresponde metodicamente ao padrão internacionalmente válido”.

Benjamin Ware, chefe global de entrega climática e abastecimento sustentável da Nestlé, também destacou o uso de “métricas diferentes daquelas que são mais comumente usadas no setor”.

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