8 passos para a construção de uma marca empregadora

Flavia Mangini é diretora executiva na IC 16 de novembro de 2022
IC

Vivenciar a construção de uma marca empregadora é uma das experiências de carreira mais especiais e emblemáticas do mundo corporativo. Pense em uma empresa que sai de um lugar em que não era desejada por nenhum jovem talento e ainda era vista pelo mercado como ultrapassada e burocrática e que, a partir de um trabalho de rebranding e transformação cultural, torna-se uma das melhores empresas para trabalhar, segundo o ranking do Great Place to Work. Isto é possível? Posso te garantir que sim. E, neste artigo, vou te contar um pouco como fazer a sua marca chegar lá.

Marca empregadora nada mais é do que fazer com que sua empresa seja desejada pelos melhores profissionais do mercado. Tanto pelos que já fazem parte do time quanto por aqueles que estão em empresas concorrentes ou se destacando em outros setores da economia.

Mas como chegar lá? Vou te contar isto a seguir, mas antes quero trazer dois exemplos opostos: Twitter e Apple.

O Twitter sempre foi uma empresa querida pelas pessoas. E naturalmente, não seria nada chato receber um convite para trabalhar por lá, não é mesmo? Pelo menos até antes do Elon Musk comprá-lo. Você deve ter lido algo a respeito, mas ele mal chegou por lá e já demitiu milhares de funcionários, acabou com a possibilidade do trabalho remoto, bloqueou os acessos dos desligados enquanto a pessoa dormia e fez toda e qualquer comunicação difícil por e-mail, apenas sinalizando que “tempos difíceis se aproximam”. Ora, será que ainda não chegaram? Dá para trabalhar com vontade em um cenário como este e para uma pessoa que lida com seus times desta forma? Posso apostar que não.

Por outro lado, na Apple, o atual CEO Tim Cook circula pela empresa, conversa com seus liderados, almoça na lanchonete com pessoas da empresa que às vezes ainda não conhece e cria um ambiente saudável de liderança, para que a inovação seja possível e as pessoas não tenham medo de errar ou de dizer o que verdadeiramente pensam. Não à toa, a Apple voltou a aparecer na lista das 100 marcas mais valiosas do mundo, após sete anos distante desta marca. Coincidência? Também aposto que não.

Mas afinal, qual o caminho para construir uma empresa onde as pessoas desejam trabalhar? Anote aí!

8 passos para a construção de uma marca empregadora:

1) Trabalho de equipe

A primeira coisa que você precisa saber é que se trata de um trabalho conjunto entre as áreas de Comunicação e de Gestão de Pessoas. Não há como construir uma marca empregadora sem que estas duas áreas caminhem juntas e de mãos dadas. E o melhor dos mundos é quando estas duas áreas estão sob a mesma gestão dentro do organograma da companhia para evitar conflitos entre times e decisões estratégicas opostas, e não complementares.

2) Faça um diagnóstico

Precisa ser de verdade. Não basta parecer. Tem de ser. É preciso identificar, por meio de pesquisas internas e de mercado, o que sua empresa tem de melhor, o que sua empresa tem como diferencial competitivo. É preciso saber o que os profissionais da sua empresa valorizam nela. E entender os pontos sensíveis que podem ser melhorados ou que merecem uma comunicação honesta a respeito e uma explicação factível sobre o que não está nos planos para ser mudado, ainda que seja malvisto pelos funcionários.

3) Escuta ativa e coragem para temas difíceis Encoraje as pessoas a não fugirem das conversas difíceis. E exerça a escuta ativa nestas conversas. Assim como todo bom relacionamento é construído e sustentado a partir de boas conversas e da transparência necessária para tratar temas sensíveis, durante o processo de construção de marca empregadora você precisa, enquanto profissional de comunicação e RH, saber ouvir e estar aberto para o que virá. Fique de olho em crenças limitantes, que podem impedir a sua empresa de avançar neste caminho.

4) Treinamento para todes

Prepare a liderança da sua empresa e influenciadores internos para ouvir e para falar. É preciso identificar quem são os promotores que influenciam os times internamente. Nem sempre isto acontece apenas com pessoas que exerçam a função de gestão. Faça uma pesquisa e identifique quem é promotor e quem é detrator dentro da organização para que possa traçar as melhores estratégias de atuação para os dois grupos.

5) Faça pesquisas!

Não tenha medo dos resultados das pesquisas. Os indicadores são seus melhores aliados na construção de uma marca empregadora. Faça pesquisas pulses para investigar melhor aquele item que ficou um pouco confuso na pesquisa de engajamento da GPTW, que recomendo que seja aplicada anualmente e seja levada a sério, a partir da construção de planos de ação escolhidos e executados pelas próprias equipes.

6) Conte com profissionais parceiros para construir a sua marca empregadora

A máxima “Santo de casa não faz milagre” aplica-se perfeitamente no ambiente corporativo. Mesmo que você saiba como fazer ou tenha a equipe dos sonhos para executar a construção da sua marca empregadora, contar com olhares externos para condução de diagnósticos e dinâmicas trazem isonomia aos processos e ajudam a mostrar para a alta liderança que os resultados coletados são verídicos e atuais.

7) Top down

E falando dela, engaje a alta liderança. Uma marca empregadora precisa de líderes presentes, interessados e que se preocupem, verdadeiramente, com as pessoas. Um presidente que é inacessível, que não circula entre os andares do prédio e que não escuta o que seus funcionários têm a dizer, não colabora para a construção da marca empregadora. Não inspira e não atrai novos talentos. Afasta seus melhores jogadores e mostra que o desejo de construir uma marca empregadora não passa de puro marketing.

8) Funcionário no centro

E por fim, mas também poderia ser o primeiro item da nossa lista, está a jornada do colaborador. Avalie o quanto a sua empresa tem olhado para a experiência de suas pessoas desde o processo seletivo até a entrevista de desligamento. Avalie de que maneira estão estruturados processos seletivos, de contratação, onboarding, gestão de licenças, reconhecimentos não financeiros, plano de carreira e tantas outras ações que fazem a diferença quando o assunto é a nossa vida profissional. Você tem colocado o funcionário no centro dos seus processos e decisões? Ou cria processos que são bons para a rotina da sua área, mas são altamente custosos para os colaboradores? Pense nisso!

Se você quer saber mais como construir a marca empregadora a partir de um planejamento estratégico e que tipo de ações pode realizar em seu plano tático para começar esta jornada, escreva para mim. Mande sua mensagem para flavia.mangini@iccom.com.br e vamos trocar ideias. Espero você!

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