Pesquisa do IBGC mostra que 58,6% das organizações não têm como prioridade adequações relacionadas às mudanças climáticas

Vida de Empresa - Cenários 02 de dezembro de 2022
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Mais da metade das pessoas que atuam em conselho de administração ou conselho consultivo de organizações sinalizaram que não estabeleceram a meta net zero para a emissão de gases do efeito estufa e nem estão alinhadas ao compromisso de atingir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC. Os dados mostram que 58,6% dos entrevistados disseram que as companhias não estabeleceram metas para redução das emissões de carbono. A informação faz parte da pesquisa “Board scorecard: a atuação dos conselhos frente aos impactos climáticos e à estratégia net zero”, realizada pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), em parceria com o Chapter Zero Brazil.

Dividido por áreas temáticas, o questionário com 20 questões baseadas na ferramenta do Chapter Zero no Reino Unido, foi respondido por 104 executivos de diferentes níveis. Dentre os entrevistados, estão conselheiros de administração (41,3%), conselheiros consultivos (19,2%), conselheiros fiscais (8,7%) e diretores executivos (30,8%).

Os resultados demonstraram que pautar a temática pelo menos quatro vezes ao ano não é uma prática adotada pelos conselhos/organizações, conforme apontaram 52,9% dos respondentes. Também há falhas na comunicação e divulgação da importância de se cumprir a meta climática estabelecida para a organização, na visão de 49% dos respondentes.

No que se refere à liderança, 50,9% dos respondentes sinalizaram que os comitês de assessoramento não levam em consideração as mudanças climáticas em suas discussões. Ademais, ressalta-se o fato de que, para 40,4% dos entrevistados, não há clareza sobre a responsabilidade do conselho e da equipe executiva pelas decisões de redução de emissões de gases de efeito estufa, ao passo que 19,2% sinalizaram uma posição de neutralidade com relação a essa questão.

Em relação à responsabilidade do conselho pelo engajamento, governança e por impulsionar as mudanças para atingir as metas climáticas, os resultados indicaram a necessidade de maior mobilização por parte dos conselhos diante do tema, pois 65,4% dos respondentes reportaram que essas metas não são incorporadas aos incentivos e à remuneração dos executivos de maneira significativa e mensurável.

Além disso, 43,3% dos respondentes afirmaram que a questão climática não está incorporada na avaliação de riscos e oportunidades e na estratégia central dos negócios. Soma-se a isso o fato de que 14,4% dos entrevistados apresentaram posição de neutralidade quanto à questão. As respostas também evidenciaram que a responsabilidade pelos dados e informações sobre mudanças e metas climáticas não é de todos os departamentos e segmentos da organização, por vezes se limitando à área de sustentabilidade ou a uma específica, de acordo com 48,1% dos respondentes. Ainda nesse quesito, 17,3% apresentaram postura de neutralidade.

Chama a atenção o fato de as empresas não garantirem que as habilidades e os recursos necessários estejam disponíveis para cumprir sua ambição climática, conforme a visão de 45,2% dos respondentes, contra 33,6% dos que sinalizaram que as organizações têm garantido a disponibilidade dessas habilidades e recursos.

Por fim, para 50% dos entrevistados não há um plano de trabalho abrangente que envolva toda a força de trabalho na visão sobre o tema e nas mudanças necessárias nas organizações. Soma-se a isso o fato de que 17,3% apresentaram postura de neutralidade ante o tema.

Sobre a estratégia, planos e recursos em vigor para reduzir as emissões de carbono e promover adaptação às mudanças climáticas, os resultados apresentados são críticos e evidenciaram que o tema não tem sido priorizado pelos conselhos. Considerando pelo menos dois cenários de mudanças climáticas, 58,6% reportaram que o conselho não estabeleceu a meta net zero para a emissão de gases do efeito estufa, nem está alinhado ao compromisso de atingir a meta de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau.

Ainda sobre estratégia, 60,6% dos entrevistados declararam que o conselho em que atuam não considera a questão climática em todas as decisões de investimento, nem faz uso de uma ferramenta de quantificação, como a de precificação de carbono. Nessa questão, 16,3% apresentaram uma postura de neutralidade.

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