Estudo ouviu mais de 1.500 pessoas para compreender os principais obstáculos enfrentados por mulheres que trabalham com tecnologia. Responsabilidades com a família, pressão para se provar capaz e a escassez de exemplos de liderança: segundo uma pesquisa do Boston Consulting Group, em parceria com o Women’s Forum, esses são os três principais desafios vividos por mulheres que trabalham em tecnologia e aspiram por crescimento na carreira, incluindo posições de liderança. Ao analisar empresas que progrediram na resolução destes desafios, o BCG propõe ações visando apoiar a atração, retenção e desenvolvimento das carreiras de mulheres.
Como aponta o BCG, homens e mulheres são bastante similares no que diz respeito à ambição, predisposição em aceitar desafios (ainda que eles apresentem riscos) e ao alto nível de conhecimento técnico. Porém, o principal obstáculo para profissionais mulheres é seu papel nos cuidados com a família. 60% das mulheres entrevistadas para o estudo afirmaram já terem declinado uma oferta de trabalho em função da família, comparado com a incidência em 45% dos homens entrevistados. Outro dado importante é que 80% das mulheres já afirmaram ter se afastado do trabalho ou adotado jornadas flexíveis temporariamente, em comparação com 50% dos homens, ainda que seja consenso entre todos os entrevistados que essa escolha tenha impactos na progressão da carreira.
“Os números demonstram que há um claro desequilíbrio na divisão de responsabilidades com a família. Os novos arquétipos familiares e a recente pandemia estão contribuindo para uma mudança nesse cenário, mas as empresas precisam se conscientizar sobre a necessidade de apoio para seus profissionais, sejam homens ou mulheres, que cuidem de familiares”, afirma Ana Vieira, diretora executiva do BCG e head de BCG Platinion.
Quanto às decisões relacionadas aos rumos profissionais, o estudo mostra que tanto homens quanto mulheres usam o apoio das suas redes de suporte — família, amigos, mentores, empresas de recrutamento –, contudo os homens mostram um nível maior de autoconfiança, o que contribui para uma maior mobilidade de carreira. “Nesse sentido, os desafios para mulheres se acumulam: as reponsabilidades familiares podem inviabilizar uma nova oferta de emprego e elas perdem oportunidades valiosas de ampliarem suas conexões, experiência e habilidades, colocando-as em desvantagem para futuros cargos seniores. Ao longo do tempo, isso pode também afetar a autoconfiança das profissionais”, comenta Ana.
Apesar de todos os desafios, a pesquisa do BCG indica que é possível construir uma jornada profissional de sucesso em tecnologia para profissionais mulheres.
“O estudo cita recomendações interessantes, que já são aplicadas por empresas líderes em representatividade feminina em todos os níveis. Mas é importante que as próprias profissionais estejam atentas para direcionarem ativamente suas trajetórias de carreira. Muitas vezes, podemos ser mais assertivas e pedir apoio em oportunidades que podem proporcionar aprendizados, acelerando nosso crescimento”, avalia Ana.