Toda vez que me deparo olhando para o espelho e noto novas marquinhas de expressão surgindo no rosto é inevitável não associar a caminhada percorrida até aqui e de todas as boas – e algumas nem tanto assim – lembranças deixadas pelo mundo corporativo. Pelo menos as marcas não ficaram registradas apenas em mim, pois há quase duas décadas a área de comunicação também passou por transformações bem profundas.
Será que posso dizer que é um tanto nostálgico lembrar que os relatórios – aqueles que apresentamos para os clientes – já tiveram suas versões impressas e encadernadas manualmente? Ou que antes não era nada comum acompanhar um encontro de relacionamento pelo Meet? E ainda o temido follow-up, que era realizado majoritariamente via telefone para os ramais das redações?
Me sinto privilegiada por ter vivenciado tantas mudanças e ter tido a oportunidade de me adaptar as inúmeras transformações na área de comunicação em pouco mais de uma década. É evidente que a tecnologia tem um grande protagonismo neste cenário, mas gosto de pensar que as mudanças de comportamento e a chegada das novas gerações estão impactando e ganhando cada vez mais espaço diante das novas realidades.
Se antes o foco era quase exclusivamente direcionado para os veículos tradicionais, hoje já está implícito a forte presença das plataformas digitais e outras inúmeras possibilidades de tornar a assessoria de imprensa ainda mais relevante e estratégica para os seus clientes. E neste contexto, entendi o quanto é essencial me atualizar e me conectar com profissionais da área, além de realizar diversos cursos para aprimoramentos e participar de eventos corporativos.
A adaptação às novas realidades não é apenas uma questão de sobrevivência para quem atua com comunicação, mas também uma oportunidade para prosperar na carreira – por mais que isso pareça clichê, eu sei – e a ter um olhar mais holístico da área, seja para diversificar estratégias, testar algo completamente novo e desconhecido, ou até mesmo para se planejar melhor.
Por outro lado, em meio a tantas transformações, gosto de pensar que algumas coisas nunca mudam – e que bom -, pois ter em mente algumas premissas nos ajudam a nortear todo o resto. Você não vai conseguir elaborar um plano estratégico para um cliente, utilizando mil e uma tecnologias, se você não entender profundamente o modelo de negócio e as reais necessidades e desafios do cliente.
Não se trata apenas de divulgar uma informação, lançar um novo produto ou serviço ou aproveitar uma efeméride, mas de construir narrativas que sejam coerentes e autênticas, que gerem um real impacto para determinada comunidade, e que leve em consideração as dores do mercado em que aquele cliente atua. Desenvolver um plano estratégico sempre vai ser desafiador, mas se bem elaborado, certamente estará conectado com o público-alvo.
E é curioso pensar que a produção de conteúdo também evoluiu. Trabalhar uma pauta orgânica para a imprensa, por exemplo, continua sendo fundamental para as estratégias de comunicação. No entanto, outras possibilidades podem ser igualmente relevantes, como o branded content, que tem ganhado cada vez mais espaço nas mídias e é uma alternativa valiosa para fortalecer a presença das marcas em momentos oportunos. E claro, saber equilibrar essas estratégias é um diferencial para qualquer empresa que deseja se manter relevante no mercado de atuação.
Infelizmente o espelho não me mostra o futuro, mas a considerar o atual cenário, imagino que temos adiante infinitas possibilidades. A comunicação nunca foi tão dinâmica e cheia de oportunidades. A única ‘certeza’ que tenho, em meio a tantas mudanças, é de aproveitar o valioso tempo para explorar novas formas de fazer aquilo que sempre pareceu habitual e para ajudar – ou tentar, pelo menos – a construir um futuro melhor, mais conectado e humanizado.
Artigo produzido por Luana Hoepers Ferreira, analista de comunicação da Imagem Corporativa para o portal Assessores de Imprensa.