Nenhum outro governador teve um número tão alto de menções nas plataformas digitais em espaço de tempo tão curto; conteúdo, no entanto, é predominantemente negativo. Metodologia proprietária acompanha mensalmente quantidade e qualidade da visibilidade dos governadores brasileiros
Em 29 de outubro, depois da megaoperação das forças de segurança pública nos complexos da Penha e do Alemão, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) bateu o recorde de menções de um executivo estadual em sites de notícias e redes sociais em único dia. Essas duas fontes de informação são utilizadas todos os meses por metodologia proprietária da consultoria Imagem Corporativa para medir a quantidade e a qualidade da visibilidade dos governadores brasileiros.
No caso de Castro foram mais de 8 mil citações nas primeiras 24 horas depois da megaoperação, praticamente o dobro do escore mais alto até então, obtido pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em julho, quando este utilizou as redes sociais para culpar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo tarifaço contra o Brasil anunciado por Donald Trump (aproximadamente 4 mil menções na ocasião).
O resultado fez com que o político carioca do PL conseguisse algo inédito em outubro: liderar o ranking de exposição dos líderes das 27 unidades da federação, posição sempre ocupada pelo presidenciável Tarcísio de Freitas desde o início do estudo em janeiro deste ano.
A taxa de Share of Voice, que mede a participação dos governadores no total geral de menções a esse conjunto de lideranças, no caso de Cláudio Castro nunca havia ultrapassado o patamar de 5% no período de um mês. E disparou de 1% em setembro para 36% em outubro. Com isso, Tarcísio caiu para a segunda posição nessa medição, com 26%, seguido por Ronaldo Caiado (União), em terceiro, com 10%.

Mas, se na métrica quantitativa de exposição o governador do Rio dispara, o índice qualitativo de Tone of Voice, por outro lado, nunca foi tão baixo. O escore que varia de zero (extremo negativo) a 200 (extremo positivo), cai de 61 pontos em setembro para apenas 22 pontos em outubro.
Castro sempre figura entre os últimos colocados no ranking qualitativo, isto é, seu índice de Tone of Voice nunca superou os 100 pontos, marca que indicaria conteúdo predominantemente positivo associado ao seu nome.

No entanto, o impacto da megaoperação, que carrega em seu território semântico o número de mortos no episódio (inclusive policiais), faz o índice despencar para patamar próximo ao extremo negativo.
Considerando-se tecnicamente rigorosas as pesquisas divulgadas por vários institutos logo após a megaoperação, e que trazem aprovação majoritária dos fluminenses a ação determinada pelo chefe do Executivo estadual, conclui-se que o vetor da exposição de Castro foi tão expressivo na mobilização da opinião pública que anulou parcialmente o impacto negativo sobre a percepção de parte da população, que decodificou a narrativa com marcadores mais positivos.


