Acordo UE-EUA é um troféu para Trump

Ciro Dias Reis, CEO e fundador da Imagem Corporativa 28 de julho de 2025
Imagem: Shutterstock

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A cobertura da imprensa europeia nesta segunda-feira em relação ao acordo comercial anunciado entre Washington e Bruxelas dá o exato tom da forma como foram recebidos os termos da negociação.

“Como a EU sucumbiu diante da motoniveladora de Trump”, destacou o jornal inglês Financial Times no título do texto que explicava o processo de negociação. “A UE se resignou a aceitar uma tarifa de 15% sobre suas exportações para os EUA”, registrou o jornal espanhol EL País.  “Vassalização”, vergonha” e fiasco”, publicou o tradicional Le Figaro na França, citando entrevistados sobre o acordo.

A França, por sinal, foi o país mais crítico em relação ao acordo. O primeiro-ministro François Bayrou definiu o resultado como “ato de submissão” da Europa diante dos Estados Unidos. A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni, que mantém relações cordiais com o atual governo dos EUA, foi discreta e cautelosa: Para ela a solução é fruto de um trabalho de equipe que “evitou um enfrentamento frontal entre os dois lados do Atlântico”. O chanceler alemão Friedrich Mertz disse que o acordo trará “considerável impacto negativo” para a zona do euro, ainda que venha a “evitar uma escalada desnecessária nas relações de comércio transatlânticas”.

A BBC de Londres indica os “vencedores” e os “perdedores” com o acordo. No primeiro grupo estariam em primeiro lugar o próprio presidente Donald Trump; além dele, os mercados financeiros internacionais, agora acalmados; os fabricantes de automóveis americanos que terão acesso facilitado ao mercado europeu; os players da área de energia dos Estados Unidos, que receberam a promessa de compras bilionárias em produtos e serviços pela União Europeia, que ainda se comprometeu a investir US$ 600 bilhões em outras aquisiçoes diretas no país, inclusive materiais e equipamentos de uso militar.

Entre os perdedores, segundo a BBC, estariam a indústria farmacêutica e a indústria automobilística europeias, além dos consumidores americanos que pagarão mais pelos produtos feitos no continente.

Destaque ainda mais importante: para a BBC, sai perdendo a “solidariedade europeia”, uma vez que a falta de consenso e reações negativas em vários países não podem ser fatores subestimados e afetarão as relações dentro do bloco daqui para a frente.

VIktor Órban, que lidera uma Hungria que faz parte da UE mas se alinha ao russo Vladimir Putin não perdeu a oportunidade de alfinetar: “Trump devorou a presidente da Comissão Europeia Ursula van der Leyen no café da manhã”.

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