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Mais de US$ 3,7 trilhões, valor 70% acima do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Esse é o tamanho da chamada economia gig em nível global.
Segundo o Banco Mundial ela já representa cerca de 12% do mercado de trabalho no planeta, participação que deve crescer nos próximos anos impulsionada em grande parte pelos países em desenvolvimento, Ásia à frente.
A economia gig pressupõe um modelo de trabalho flexível tornado possível graças a soluções tecnológicas que, se já vinham ganhando velocidade antes da virada da última década, se consolidaram definitivamente com a pandemia da Covid-19. Nesse conceito se encaixam tanto os motoristas de aplicativos como os entregadores de comida e outros produtos, além das hospedagens viabilizadas via Airbnb e sistemas semelhantes. E ainda profissionais encarregados de tarefas específicas sem vínculos permanentes junto a seus contratantes (muitas vezes selecionados via plataformas de recrutamento).
Segundo levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) há cerca de 1,5 milhão de pessoas no Brasil atuando nessa condição.
Muitos milhões de cidadãos no mundo todo se beneficiam das facilidades trazidas por tais soluções. E como elas vieram para ficar é mais do que desejável garantir que sejam aprimoradas e entreguem resultados equilibrados para todos os elos dessa cadeia.
Empresas que baseiam seus modelos de negócios na economia gig tendem a querer capacitar seus colaboradores que atuam de forma flexível, visando manter ou mesmo elevar o padrão de atendimento e garantir protagonismo em seus segmentos de atuação.
A Ásia tornou-se o epicentro do crescimento da economia gig e se encontra em posição única para liderar nos quesitos inovação e soluções escaláveis, em linha com sua força de trabalho abundante e diversificada como se vê na China, na Índia e na Indonésia, para ficar nos países de maior população na região.
A expansão do modelo flexível, ainda que de certa forma inclusivo do ponto de vista de oportunidades de trabalho, também apresenta desafios.
Embora essa modalidade crescente, exercida por profissionais independentes por sua própria decisão ou sem vínculo empregatício por falta de opção, ofereça renda e flexibilidade imediatas ela também pode gerar sensação de instabilidade ou insegurança. Além do impacto gerado pela implacável pressão dos algorítmicos que modulam o dia a dia desse tipo de atividade (as plataformas gig contam com tecnologias de ponta destinadas a combinar oferta e demanda, o que pode levar a uma precariedade nas relações de trabalho).
Capacitar e apoiar o bem-estar dos profissionais que fazem girar a economia gig deve ser visto não somente como atitude ética mas também como estratégia para a saúde do próprio modelo de negócios.
Estima-se que a China possua cerca de 200 milhões de pessoas exercendo atividades temporárias ou não vinculadas contratualmente a empresas, representando perto de 20% da força de trabalho do país.
Na Índia, projeta-se um número bem inferior em relação a realidade chinesa, mas ainda assim significativo: mais de 8 milhões de pessoas nessa condição, número que deve triplicar até 2029.
Os cálculos atuais quanto a força de trabalho gig da Indonésia variam entre 430 mil a 2,3 milhões de pessoas.