Assédio no trabalho faz parte da rotina de 46% das mulheres, aponta Nielsen

Vida de Empresa - Cenários 02 de agosto de 2022
IC

O levantamento “ELAS: comportamentos e barreiras”, realizado pela Nielsen (NYSE: NLSN), líder global em medição de audiência, dados e análises, traz informações que ajudam a entender o perfil das brasileiras em diferentes frentes, trazendo pontos de atenção nas questões sociais e no mercado de trabalho. Segundo o estudo realizado em parceria com a Opinion Box, empresa especializada em pesquisas de mercado online, 46% das entrevistadas declararam ter sofrido ou presenciado assédio no trabalho.

 “A atuação feminina no mercado de trabalho tem sido limitada por construções sociais. Ser mulher significa estar exposta a ser questionada sobre assuntos não relacionados à sua competência profissional (como com quem ficarão os filhos), desde o momento da entrevista até ao alcançar uma posição de liderança. Por isso, neste estudo tentamos entender a percepção do público quanto a essas importantes temáticas que sempre precisam ser revisitadas em prol da mudança”, menciona Sabrina Balhes, líder de Measurement da Nielsen Brasil.

A pesquisa traz questões sociais e de comportamento do público feminino em sua vida familiar e no mercado de trabalho, além de abordar a percepção masculina sobre o papel de liderança das mulheres na vida profissional. Pela primeira vez, a Nielsen levantou dados sobre os conceitos demansplaining (quando um homem explica algo a uma mulher, desconsiderando que ela já sabe sobre o tema) e manterrupting (interrupção masculina na fala de uma mulher a ponto de impedi-la de emitir alguma opinião). 

No caso do mansplaining, 48% das mulheres entrevistadas familiarizadas com o termo relataram já terem presenciado esta prática no trabalho, número que é ainda maior no manterrupting (54%). 

“Mesmo para mansplaining manterrupting – que são formas pouco conhecidas de anular a mulher no ambiente de trabalho ou em outra esfera social – vimos que em 2022 estas práticas ainda estão acontecendo amplamente”, afirma Sabrina.

O levantamento mostrou ainda que 88% das entrevistadas avaliam que gravidez pode ser considerada um motivo para não contratá-las. Além disso, 75% delas afirmam que isto pode ser uma razão para questionar sua capacidade de trabalho. O estudo revela ainda que apenas 13% discordam da afirmação, enquanto 12% são indiferentes em relação ao assunto.

Ainda sobre aspectos familiares, a pesquisa revela que três em cada quatro mulheres (75%) afirmam que foram perguntadas em entrevistas de emprego sobre ter filhos e com quem deixariam as crianças para trabalhar. Entre os homens, a taxa é de 69%. O levantamento também mostra que 23% das entrevistadas acreditam que esse tipo de pergunta atrapalhou a entrevista, número que para os homens ficou em apenas 8%.

A pesquisa mostra ainda que a maioria do público masculino entrevistado (68%) acredita que as mulheres são tão capazes quanto os homens em exercer as mesmas funções no trabalho. Apenas 16% pensam o oposto, sendo principalmente na faixa etária acima de 55 anos. Quando perguntados sobre como se sentem em relação a mulheres em cargos mais altos ou de liderança, 58% responderam que se sentem confortáveis contra 13% que declararam não se sentir à vontade.

As mulheres ainda estão muito mais envolvidas com atividades domésticas do que os homens. Enquanto 22% das entrevistadas responderam que cuidar da casa é sua principal atividade durante o dia, entre os homens este índice é de apenas 2%. Os afazeres em casa ficam atrás apenas do trabalho (50%) entre as mulheres.

Neste levantamento, a Nielsen revela quel o sentimento das mulheres em relação à representatividade em propagandas na internet e na televisão: pessoas pretas (50%) e com mais de 55 anos (47%) são as que menos se enxergam em anúncios publicitários. Quando o recorte é gênero, as mulheres (32%) se sentem mais representadas que os homens (28%). Por sua vez, a comunidade LGBTQIA+ é a que está mais incerta sobre o assunto, com 41% respondendo que não tem certeza sobre a representatividade.

O estudo também buscou entender a percepção do público sobre marcas que apoiam causas sociais. Os dados mostram que 46% das mulheres compram produtos de marcas que se apresentam como socialmente responsáveis, índice que entre os homens fica em 34%. Apesar da quantidade de mulheres que efetuam compras, 51% delas acreditam que as marcas o fazem em benefício próprio e não para apoiar causas, mesmo percentual dos homens.

Para o estudo foram ouvidas 1000 pessoas entre os dias 24 de fevereiro e 2 de março de 2022. Dentre os entrevistados, 69% eram mulheres, 24% homens e 7% optaram por não citar seu gênero.

O que procura?