As mudanças climáticas estão afetando o comércio internacional.
Exagero?
Não, de acordo com o Fundo Monetário Internacional.
Segundo cálculos do FMI, o movimento de cargas no Canal do Panamá caiu 5% este ano entre janeiro e novembro devido à seca na região e a menor quantidade das águas que irrigam aquela passagem.
Cerca de 1.000 navios atravessam o Canal do Panamá todos os meses transportando mais de 40 milhões de toneladas de mercadorias – cerca de 5% dos volumes do comércio marítimo global.
Mas os níveis de água naquela ligação vital entre os oceanos Atlântico e Pacífico caíram para níveis críticos devido à pior seca nos últimos 143 anos: a insuficiência de chuvas no Lago Gatún, que alimenta o canal, reduziram a capacidade de escoamento em cerca de 15 milhões de toneladas nos onze primeiros meses de 2023, e embarcações de grande porte têm enfrentado um aumento de até seis dias em suas viagens.
As mudanças climáticas em todas as suas variáveis (secas; inundações; tempestades tropicais; incêndios florestais) estão ganhando corpo e se tornando uma ameaça às infraestruturas do setor marítimo.
Recém-lançada com base em parceria do FMI com a Universidade de Oxford, a plataforma PortWatch monitora o movimento de navios de carga e permite a esse ecossistema de transporte preparar-se para eventos indesejáveis e consequentes impactos comerciais e econômicos deles decorrentes.
A plataforma utiliza dados de satélite em tempo real para rastrear cerca de 120 mil navios de carga e petroleiros em todo o mundo – responsáveis por mais de 99% do comércio marítimo global. Além disso, fornece estimativas diárias dos volumes de comércio em 1.400 portos e em mais de uma dúzia de pontos críticos, como o próprio Canal do Panamá.
A importância do tema pode ser entendida pelos números: os navios são responsáveis por 80% do transporte internacional de mercadorias. O volume do comércio marítimo tem crescido de forma permanente desde 1990. No período 1990-2021 o volume de cargas mais do que duplicou.