Comunicação pode ser aliada do agro brasileiro

Carla Saemi é Diretora e Head de Treinamentos na IC 11 de abril de 2023
IC

O Brasil é o terceiro maior exportador global no agro com protagonismo em todas as cadeias de valor relevantes no mercado: proteína animal, grãos e oleaginosas, suco de laranja, açúcar e etanol. Mas essa potência nem sempre está refletida na imprensa ou nos veículos de comunicação

Os motivos são vários. Passam pelo fato que os principais influenciadores, jornalistas e formadores de opinião estão nos grandes centros, ou mesmo muito longe do Brasil, e entendem pouco, ou quase nada, das complexidades do setor ou do país.  Mas também é verdade que a maior parte das indústrias do agro prefere não se comunicar. Pela própria natureza do negócio, que é B2B, a comunicação com a opinião pública sempre ficou em segundo plano para a maior parte das empresas.

Quando ocorre algum questionamento no setor a maioria das companhias responde aos clientes, investidores, aos órgãos reguladores e esquece que a opinião pública é importante para gerar confiança aos seus negócios. E essa desconfiança traz prejuízos financeiros e maiores obstáculos em crescer em alguns mercados. Vemos, por exemplo, constantes manifestações na França e Inglaterra contra os produtos brasileiros.

Para ser bem clara no meu ponto de vista: aqui, não se trata de negar os problemas de algumas cadeias produtivas do agro, eles existem e precisam ser endereçados de forma rigorosa. Porém, a comunicação com os públicos-alvo pode ser estratégica para uma visão mais clara e correta do que realmente é o foco do agro brasileiro.

Quem conhece um pouco do setor sabe que o nosso país é exemplo para o mundo em muitas frentes – temos a legislação ambiental mais rigorosa do planeta e somos referência em segurança alimentar. E, com exceções, é claro, as empresas não compartilham seus bons exemplos, pesquisas e investimentos para se tornarem cada vez melhores na gestão ambiental e para cumprir as expectativas do consumidor.

Parte dessas companhias são grandes exportadoras em seus segmentos e, sendo assim, são constantemente auditadas não apenas pelos órgãos do governo brasileiro, mas especialmente por missões internacionais e clientes. Quem quer ser competitivo e ter perenidade no setor sabe que cumprir a legislação é o mínimo, e que precisa sempre aprimorar seus processos e de suas cadeias produtivas para diminuir os impactos ambientais da sua atuação e investir em tecnologia e mão de obra qualificada.

Com o maior investimento em tecnologia, avanço do mercado de créditos de carbono, ligado a práticas sustentáveis – como integração lavoura-pecuária-floresta, que existe no Brasil desde os anos 80 – e comunicando de forma mais clara seus avanços e compromissos com o futuro, o Brasil tem tudo para ser uma potência ainda maior no agro.

É esperado que o Brasil possa responder por 40% da demanda global adicional de alimentos prevista para 2050. E essa é uma grande reponsabilidade.

Como profissional de comunicação que já atuou com empresas desse setor, espero que o país possa cumprir essa previsão, contando ao mundo as boas histórias e exportando, não apenas produtos, mas o incrível conhecimento que o agro brasileiro tem sobre técnicas de produção sustentável, preservação de matas nativas e segurança alimentar.

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