Empresa investe em uniformes recicláveis para chamar a atenção sobre reciclagem de têxteis

Vida de Empresa - Inovação 15 de fevereiro de 2022
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Uma das indústrias que mais cresce e de maior impacto ambiental é a indústria têxtil. Todos  os anos o setor consome 79 bilhões de metros cúbicos de água e produz 175 mil toneladas de resíduos têxteis, sendo que apenas 10% do material descartado é reciclado. Grupos gigantes como o sueco H&M e a própria Renner têm investido em soluções de reaproveitamento de peças como forma de reduzir o impacto ambiental. 

O problema é que algumas classes de produtos têxteis não podem ser reaproveitadas ou recicladas, caso dos uniformes por conta da destinação específica. Para buscar uma solução para isso e evitar o descarte desse tipo de roupa no lixo, a Rhodia, empresa Solvay, criou o projeto ecodesign, uma iniciativa que fomenta a economia circular na cadeia têxtil, especialmente no segmento de uniformes.

De acordo com a Rhodia, a proposta é diminuir o impacto da indústria, fazendo com que roupas de trabalho possam ser 100% recicladas. Para dar certo, é necessária uma classificação dos materiais para que não haja mistura de fios nas peças e que sejam feitas do mesmo produto. O ideal são uniformes sem detalhes como zíper ou botão, o que dispensa uma operação de separação desses itens após o uso.

Para mostrar a viabilidade de sua iniciativa, a Rhodia deu início a produção de uniformes feitos 100% de poliamida.

“É uma roupa que foi feita para se tornar uma roupa novamente. Além disso, um tecido que traz conforto, com fácil lavagem e secagem, produzido de forma sustentável e que se adequa na temperatura do corpo”, explica Eduardo Girote, diretor de marketing do Grupo Solvay.

Quando descartado, o uniforme usado será “picotado” e passará por um processo de reciclagem química, que faz a despolimerização e então a nova polimerização da Poliamida 66. Esse polímero pode então ser utilizado para diversas aplicações como por exemplo o mercado de Plásticos de Engenharia. No segundo momento do projeto, essas peças poderão ser recicladas inúmeras vezes, mantendo a mesma qualidade do polímero.

“A Rhodia quer incentivar marcas e parceiros a se unirem para diminuir o impacto da indústria da moda e incentivar o consumo consciente. O que queremos é criar peças únicas, que futuramente já sejam feitas para serem recicladas como uma peça nova”, conta Girote.

Localizada em Paulínia, interior de São Paulo, a empresa que produz matérias-primas empregadas na produção de fios e fibras têxteis, declara já ter alcançado 96% de neutralização de suas emissões de CO2. Com a instalação de uma unidade de abatimento de gás de efeito estufa, a Rhodia já conseguiu reduzir suas emissões em um total de 5,3 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano. A meta da empresa é alcançar 100% de neutralização de CO2 até 2025. Em paralelo, opera unidades com sistemas de circuito fechado, em que não há desperdício de água nem emissão de efluentes para fora da fábrica. Os efluentes são tratados e recuperados em unidades especiais para essa operação. A empresa só compra água potável da rede pública para atender às necessidades dos seus empregados e colaboradores e para as atividades do refeitório da unidade.

Dentro de seu programa de sustentabilidade, a Rhodia conta com uma unidade de reciclagem química dos chamados ‘restos de produção’ de polímeros têxteis, que são recuperados e voltam para as linhas de fabricação e se tornam novos produtos. Outra iniciativa relacionada à economia circular foi a decisão de retirar logomarcas das embalagens das bobinas e cops de fios enviados aos clientes, permitindo seu uso por mais vezes.

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