Estudo aponta os impactos do trabalho remoto, na liderança e nos colaboradores

Vida de Empresa - Cenários 17 de janeiro de 2022
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A pandemia de Covid-19 trouxe grandes transformações para o mercado de trabalho, como a aceleração dos modelos remotos. A maior flexibilidade e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, estão entre as conclusões que a maior parte dos trabalhadores chegaram após vivenciarem o isolamento social durante a pandemia. De acordo com estudo global realizado pela consultoria LHH e o Grupo Adecco, com mais de 14 mil trabalhadores de 25 países, 53% dos profissionais entrevistados em todo o mundo desejam um modelo de trabalho híbrido em que mais da metade de seu tempo de trabalho seja remoto. 

O trabalho híbrido, com a maior parte do tempo remota,  seria uma realidade perfeita para a maioria dos entrevistados, mas o estudo aponta que líderes e colaboradores têm visões distintas em relação ao desempenho de produtividade nesse novo cenário de trabalho híbrido: 80% dos líderes seniores afirmarem que estão satisfeitos com suas equipes de liderança, enquanto apenas 62% dos gerentes e 43% dos não gerentes identificaram um bom desempenho dos líderes. No Brasil, o índice de satisfação é de 69%.

Segundo Alexandre Marins, diretor de Desenvolvimento de Talentos da LHH, essa desconexão entre funcionários, seus gerentes e a liderança sênior ocorre porque os colaboradores não sentem que têm um suporte de alguns líderes nessa nova realidade híbrida. Um fator primordial, já que 76% dos profissionais disseram que ter um suporte (tanto relacionados aos benefícios como apoio da liderança) para as necessidades de trabalho flexível será importante no pós-pandemia. No Brasil, esse número chega a 83%. 

“Nos últimos anos falamos muito em transformação, porém com o atual contexto esse processo se acelerou e, certamente, o mercado de trabalho não será mais o mesmo após a pandemia” afirma, acrescentando que a questão não é oposição ao trabalho árduo ou retorno ao escritório. 

Para Martins, “os colaboradores realmente se dedicam”, mas há uma percepção de que desejam fazer isso dentro de suas condições, com mais flexibilidade e reconhecimento tanto por suas contribuições de trabalho quanto por sua saúde mental e física.

A pesquisa mostra ainda que menos da metade está satisfeita com as perspectivas de carreira em sua empresa e apenas 37% dos etrevistados fora da posição de gerentes afirmam que a companhia está efetivamente investindo no desenvolvimento de suas habilidades. Em quase todas as métricas associadas a uma cultura forte e saudável — feedback, reconhecimento, orientação de carreira e atenção ao bem-estar mental –, a visão dos gerentes é de que seus líderes deixam a desejar em certo nível. A saúde psicológica também foi considerada na abordagem, com 67% dos não gerentes afirmando que os líderes não atendem às suas expectativas para verificar seu bem-estar mental.

O resultado disso é o desgaste dessa relação e uma queda geral na motivação. Para ter ideia, 77% dos líderes seniores afirmaram ter um relacionamento sólido com quem lideram. No entanto, esse número cai para 62% entre os gerentes e apenas 45% entre os não gerentes. 

Além disso, conflitos de relacionamento tiveram um impacto significativo na motivação dos colaboradores, já que 82% dos líderes seniores se descreveram motivados no trabalho, mas apenas 69% dos gerentes e 55% dos não gerentes afirmaram ter o mesmo sentimento. 

“É notório que é uma divergência de visões, mas o cenário não é caótico. Conseguimos reverter esse gap com atitudes relativamente simples e conscientes”, destaca o diretor.

Marins afirma que para resolver essa equação, primeiro os líderes, responsáveis por darem o tom e traçarem o caminho a ser seguido, devem ser incentivados a se envolver em uma corajosa autoavaliação, além de serem apoiados por ferramentas, como o coaching e outras iniciativas de desenvolvimento. 

“Não é suficiente apenas descrever a cultura de liderança ideal. Os líderes precisam estabelecer as bases para mudar o comportamento e o relacionamento com os outros”, ressalta o executivo.

pesquisa aponta ainda três princípios básicos para reverter essa desconexão entre líderes e colaboradores. São eles:

  1. Tornar-se curioso sobre você mesmo e sobre o seu impacto nos outros, exercendo o compromisso de falar um pouco menos e ouvir muito mais as pessoas ao seu redor;
  2. Ter mais diálogos e conversas diferentes na nova realidade de trabalho híbrido;
  3. Respeitar a crescente necessidade de independência e de formas flexíveis de organização do trabalho.

Ele lembra que algumas pessoas, por exemplo, podem ser tão ou ainda mais produtivas atuando de forma remota. Já outras, rendem melhor trabalhando no escritório.  

O estudo “Reinicializando o Normal: Definindo a Nova Era do Trabalho” foi conduzido entre 14.800 trabalhadores em 25 países.

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