O setor de infraestrutura do Brasil neste ano exigirá a retomada de investimentos e a adoção de novas tecnologias para que as oportunidades sejam aproveitadas. Isso é o que aponta o estudo da KPMG: Panorama do Setor e Tendências em Infraestrutura, que com a retomada da atividade econômica no pós-Covid-19 o setor passará por desafios dentro de um cenários de incertezas, mas também de recuperação e oportunidades.
No estudo, é apresentado ainda o cenário brasileiro atual nos principais segmentos de infraestrutura: aeroportos, rodovias, ferrovias e portos, além de perspectivas sobre mobilidade urbana e principais tendências para o setor. O relatório traz, ainda, informações como tendências da cadeia de suprimentos e digital, além de apontar dados detalhados de investimentos, marcos, inovações e mudanças regulatórias aplicados nesses cinco setores.
De acordo com o relatório, a falta de investimentos na última década e as obras inacabadas desencadearam uma necessidade emergencial na agenda de privatizações. Os dados revelam que o governo federal, por meio do Programa de Parcerias de Investimentos, chegou a investir R$ 797,4 bilhões.
“Esperamos que, ao longo deste ano e dos próximos, os órgãos de governança tenham um papel mais central, considerando que os investimentos brasileiros na qualidade da infraestrutura e em nível de produtividade não são os melhores. As oportunidades, no entanto, são muito positivas no que diz respeito aos que desejam investir em eficiência operacional e na gestão inteligente de dados com o apoio da tecnologia”, analisa o sócio-líder de infraestrutura, governo e saúde da KPMG, Leonardo Giusti.
Para o desenvolvimento do setor, mostra-se necessária a adoção de tecnologias emergentes e a revisão da qualificação de equipes e seus processos, para eliminar as lacunas de produtividade. A transformação digital é, como apresenta o documento, um caminho bem oportuno para o setor.
“A pandemia tornou o digital real para a infraestrutura e fez com que ela incorporasse as vantagens do desenvolvimento. O planejamento de ações está sendo positivamente afetado por novas tecnologias que beneficiam os serviços e operações. O digital é o presente, seja em sistemas integrados de gerenciamento de ativos, seja em métodos novos de pagamento do cliente final”, comenta a gerente do segmento de infraestrutura da KPMG no Brasil, Daniela Macário.
O documento destaca que ao longo de 2021, grande parte das organizações do setor renovou seus esforços para a transformação digital. Dados, análises e tecnologias emergentes foram e ainda estão sendo usados para melhorar o ciclo de planejamento e desenvolver novos ativos e serviços.
Outro aspecto abordado pelo levantamento foi a fragilidade das cadeias de suprimentos modernas, como ficou evidente ao longo dos anos de maiores restrições devido à Covid-19. Em 2022, prevê-se que algumas das restrições de oferta que atualmente afetam a economia mundial sejam abrandadas.
Já em relação às soluções de moradia, a intensificação dos modelos de trabalho remoto e híbrido gerou dois movimentos: o primeiro, daqueles que decidiram migrar para cidades menores, e o segundo, com os profissionais que se mantiveram nos grandes centros.
O desafio, portanto, é entender como desenvolver ativos que sirvam aos dois caminhos e fazer isso ao mesmo tempo que temas como sustentabilidade ambiental e planejamento urbano são abordados.
No setor de infraestrutura, que gera impactos em diversos aspectos (sociais, ambientais, governamentais e regulatórios, entre outros), o entendimento das principais tendências é crucial para a continuidade das operações.
Entre as principais tendências apontadas pelo estudo, estão a privatização dos aeroportos do país para buscar maior eficiência nos terminais. Além disso, melhoria da qualidade em termos de segurança e sustentabilidade nas novas concessões rodoviárias. Em relação às ferrovias, o estudo destaca que no ano passado foram investidos R$ 24,8 bilhões (ferrovias FIOL e Ferrogrão), um marco para o setor ferroviário e o escoamento logístico do país. Contudo, apesar do avanço nos investimentos em projetos ferroviários, o Brasil precisa vencer a lacuna de produtividade e eficiência no modal. Sobre os portos, a questão é: Como melhor integrar os modais e trazer maior agilidade e desembaraço na utilização portuária? Os “portos inteligentes” são uma tendência no setor portuário e buscam a integração de dados, de forma a trazer o maior retorno financeiro para a operação, além de temas altamente relevantes como segurança e a manutenção dos ativos.
Por último, destaque para a mobilidade urbana. O levantamento aponta como tendências o desenvolvimento de um plano diretor de mobilidade, além de um sistema integrado dos meios de transporte e, ainda, a utilização da internet das coisas para a integração e análise de dados dos modais, bem como do monitoramento de imagens e segurança nos transportes.