Crédito: Shutterstock/Lucas Mello
“Um Brasil próspero e confiante só pode ser fator positivo em um mundo dividido pelo ódio, pela pobreza e pela desigualdade”. Esta era uma frase do texto que abria a publicação “Brasil Protagonista: os próximos desafios”, produzida pela Imagem Corporativa ao final do segundo mandato do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010. A frase vinha de um texto do jornalista americano Larry Rother, que trabalhou durante vários anos no Brasil como correspondente do New York Times e que via com certo otimismo aquele período do país.
“Brasil protagonista: os próximos desafios” tinha 50 páginas divididas em capítulos que abordavam aspectos diversos da política, economia, comunicação, relações internacionais e tendências em geral. Ali se podia ver a opinião de diversos especialistas. Mais do que fotografar o momento, o objetivo da publicação era jogar luzes sobre o futuro.
Com a economia nacional em relativa boa forma apesar da crise internacional de 2008-2009 gerada pela quebra de importantes instituições financeiras nos Estados Unidos e em outros países, o Brasil ainda celebrava fatos recentes como ações de inclusão social; equacionamento da dívida externa e o acúmulo de um bom volume de reservas cambiais; a descoberta da camada do pré-sal e a obtenção do grau de investimento das agências de risco internacionais; a conquista do direito de sediar tanto a Copa do Mundo de Futebol (2014) como as Olimpíadas (2016).
Lidas hoje, as 50 páginas mostram que a maior parte dos desafios elencados na publicação continuam à espera de um equacionamento. O país não avançou como seria necessário nos campos da educação, saúde, segurança pública, infraestrutura e produtividade, por exemplo. E não seria justo apontar o dedo para uns ou outros personagens ou grupos como responsáveis únicos por essa frustração de expectativas.
Deixando de lado o leite derramado é preciso, isso sim, adotar um amplo diálogo nacional; unir esforços de elos diversos da sociedade; estabelecer metas e atribuir responsabilidades. Obviamente, uma tarefa coletiva como essa não é simples de ser costurada. Mas se mostra inadiável e depende de segmentos da sociedade que, de boa fé (e independentemente de divergências anteriores) pretendem ajudar na construção e na implementação de uma visão de futuro para o Brasil.
Nesses quase 12 anos, outros países e grupos de países (como a União Europeia) desenharam estratégias e fizeram lições de casa consistentes destinadas a pavimentar seus caminhos para as próximas décadas.
É hora do Brasil começar sua própria jornada nessa direção.