Mais da metade dos donos de pequenas e médias empresas (PMEs)da América Latina dependem de família e amigos para conseguir financiamento. De acordo com o estudo da Mambu, empresa líder em tecnologia bancária na nuvem, 56% dos donos dessas empresas listaram suas redes de apoio pessoal como uma opção de crédito em momentos de necessidade, configurando-os como as principais fontes de financiamento para esses negócios.
Só depois das pessoas mais próximas os líderes de PMEs citam os bancos tradicionais e cooperativas de crédito como opção (35%), seguidos pelos que contam com o próprio patrimônio para investir na empresa (28%) — globalmente, amigos e familiares também são a principal fonte dos financiamentos, mas a taxa é mais baixa, de 43%.
Nos últimos cinco anos, duas a cada três empresas da região (68%) não conseguiram financiamento adequado. Segundo os entrevistados, em algumas situações, quando conseguiram acesso a recursos para fomentar o negócio, ele foi insuficiente para atingir seu objetivo do negócio. Esse percentual não destoa da taxa global, que ficou em 67%.
A pesquisa mostra que a América Latina se destaca pelas dificuldades na concessão de crédito. Foi a região pesquisada com o maior percentual de proprietários de empresas que disseram ser difícil conseguir financiamento (30%), enquanto apenas 23% disse ser fácil. As maiores barreiras citadas foram o capital inicial insuficiente (44%), muita burocracia (35%) e um processo de inscrição difícil nas instituições financeiras (22%).
Na região, os entrevistados indicam que entre as principais consequências dessa falta de acesso ao crédito estão a incapacidade de fazer o negócio ganhar escala (29%), dificuldade de pagar credores (28%), lançar produtos ou serviços (21%) e contratar funcionários (21%).
“As PMEs se provaram essenciais para a recuperação das economias depois da covid-19 e para a geração de empregos em um momento de volatilidade dos mercados e inflação elevada. Ao mesmo tempo, elas são as empresas que mais enfrentam dificuldades para conseguir crédito”, disse Sergio Constantini, diretor-geral da Mambu Brasil, que a “transformação e modernização” das instituições financeiras para que elas suportem os pequenos e médios negócios de forma mais ágil.
De acordo com o estudo realizado com mais de mil empresários de todos o mundo, apesar do aumento significativo de PMEs nos últimos dois anos, o acesso a financiamento ainda é um dos principais obstáculos para essas empresas no mundo todo. Quase um terço dos entrevistados (32%) têm dificuldades para obter capital inicial e 43% dependem de amigos e familiares para conseguir dinheiro e tirar os planos do papel — o número chega a 47% em empresas fundadas após março de 2020 e a 48% nas que devem ser lançadas nos próximos meses. A dependência das redes de apoio pessoais aumentou 11% durante a pandemia, segundo a pesquisa.
“Os dados chegam em meio ao aumento dos empréstimos alternativos, com as PMEs recorrendo cada vez mais aos neobancos e fintechs. A oportunidade para essas empresas é grande: 92% das PMEs estão dispostas a trocar de instituição. Quase metade delas, 49%, dizem que os benefícios e incentivos são os principais motivos para isso, 47% citam opções financeiras melhores e 35% os serviços digitais aprimorados” diz Costantini, da Mambu.
A pesquisa indica ainda que a demanda crescente das PMEs por digitalização ao escolher a instituição financeira cresceu com a pandemia. Dois terços (66%) empresas fundadas depois de março de 2020 disseram que os serviços digitais são um ponto importante nessa escolha, contra apenas 53% das empresas de antes desse período.
O tempo gasto também tem peso significativo na escolha da instituição. Um processo de solicitação reduzido e prazos de pagamento mais longos então entre as principais considerações para 76% na hora de procurar financiamento, perdendo apenas para taxas de juros reduzidas, com 81%.
Quando o assunto é a melhoria do processo de solicitação de empréstimo, a maioria das PMEs mostrou interesse em decisões mais rápidas (79%), condições de empréstimo mais flexíveis (78%), ofertas e serviços personalizados (76%) e requisitos de garantia baixos ou inexistentes (75%).
Globalmente, as barreiras mais comuns para os financiamentos são o capital inicial insuficiente (30%), excesso de burocracia no processo de empréstimo (28%) e fluxo de caixa insuficiente (27%).