Pesquisa Deloitte mostra que empresas avançam em diversidade e inclusão, mas ambiente de negócios segue conservador

Vida de Empresa - Inovação 12 de dezembro de 2022
IC

A pesquisa “Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações 2022”, realizada pela Deloitte, mostra que as empresas brasileiras estão buscando reforçar suas estruturas formais e voluntárias de diversidade, equidade e inclusão (DE&I), mas ainda enfrentam desafios quanto à resistência cultural para a condução dessas iniciativas. Segundo os dados, 94% das empresas consultadas, iniciativas de DE&I geram benefícios, 93% disseram que contribuem para a inovação e 92% acreditam que geram valor. Nove em cada dez acreditam que as práticas de DE&I aumentam a retenção de profissionais e melhoram a qualidade da força de trabalho.

O levantamento revela que 52% das empresas têm uma área dedicada à temática e 79% têm frentes voluntárias, em formas de grupos e comitês, que atuam com essas questões. Entre as organizações que têm uma área dedicada à diversidade, em mais da metade a função se reporta à área de recursos humanos (51%) e em mais de um terço essa área é liderada por um profissional que ocupa cargo na diretoria (35%). Algumas empresas têm procurado aproximar o tema da estratégia da organização: em 20% das empresas com área de diversidade, o reporte é feito à presidência e, em 9% dos casos, ao conselho de administração. Em média, as empresas têm cinco profissionais envolvidos com essa área.

Quase dois terços das empresas pesquisadas têm uma frente de inclusão voltada a mulheres (64%) e mais da metade têm grupos para pessoas com deficiência (52%), LGBTQI+ (51%) e raças e etnias (51%).

Entre as empresas que têm pelo menos uma frente de DE&I, 69% identificaram avanços em pelo menos uma dessas frentes. Em mais de dois terços das empresas (67%), há frentes lideradas pelo respectivo grupo minorizado e 64% têm orçamento para conduzir as ações da frente de diversidade. A existência dessas frentes é relativamente recente: geracional 50+ (2,5 anos, em média), LGBT+ (2,7 anos), raças e etnias (2,8 anos), mulheres (3,6 anos), pessoas com deficiência (3,9 anos) e jovem aprendiz (5,5 anos).

A pesquisa mostra ainda um comparativo com um grupo de 45 empresas que participaram das duas edições do estudo. Entre essas empresas, houve um aumento de seis pontos percentuais (p.p.) no número de organizações que adotam frentes para raças e etnias (64% em 2022) e de quatro pontos percentuais para a frente LGBTQI+ (62% em 2022). A representatividade na liderança dessas frentes também cresceu, com aumentos expressivos de representante dos grupos minorizados nas lideranças das frentes de LGBT+ (13 p.p.), pessoas com deficiência (9 p.p.) e geracional (8 p.p.). Houve ainda crescimento no orçamento das frentes de mulheres, raças e etnias, LGBTQI+ e jovem aprendiz.

“Os resultados revelam um apetite das empresas em entender os desafios do mercado e responder a eles de forma assertiva e responsável. Para ir além, é preciso acelerar esse processo, para acompanhar a rápida evolução desse debate na sociedade. Quanto mais a diversidade estiver incorporada nos quadros e nas atividades da organização, mais organicamente ela poderá fazer frente a essas mudanças e, indo além, a organização poderá se posicionar como um agente da transformação para uma sociedade mais diversa e plural”, avalia Angela Castro, sócia-líder de Diversidade e Inclusão da Deloitte.

Segundo a pesquisa, as mulheres são o grupo mais bem representado em cargos de liderança e conselho: 83% das empresas têm mulheres no nível de diretoria e superior. Contudo, a participação dos demais grupos ainda é baixa, especialmente geracional 50+ (38% das empresas com esse perfil na alta gestão), raciais (33%), de orientação sexual (28%) e de pessoas com deficiência (10%). Já entre as 64% organizações da amostra que têm conselho de administração, o funil é ainda mais estreito. Com exceção do grupo geracional 50+, a representatividade de grupos minorizados em cargos de governança é menor do que nos cargos de diretoria e superior.

A pesquisa também mostra que pouco mais da metade das empresas conduzem censo de diversidade (55%) e pesquisa de clima sobre o tema (52%). Mas menos da metade das organizações adotam indicadores para as práticas de diversidade e inclusão (48%). A maior parte dessas empresas considera entre os indicadores itens de rápida verificação, como a participação numérica de grupos minorizados entre profissionais e líderes.

43% das empresas entrevistadas adotam metas de diversidade, entre as quais 57% são alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). E menos de um terço (29%) desse grupo considera as metas na remuneração de executivas e executivos.

Para a pesquisa realizada entre os meses de agosto e setembro, foram ouvidas 374 representantes de empresas, entre os quais 60% ocupam posições executivas.

 

O que procura?