Pesquisa inédita mostra a importância do investimento em diversidade etária

Vida de Empresa - Cenários 19 de agosto de 2022
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Levantamento da Maturi e EY Brasil mostra que a projeção de que 57% da força de trabalho brasileira terão mais de 45 anos em 2040. O estudo realizado 191 empresas de diversos portes que atuam em 13 setores diferentes, com o objetivo de responder a pergunta: “Por que as pessoas com mais de 50 anos não são consideradas como força de trabalho em um país que envelhece?” revela que no Brasil com a população envelhecendo, são poucas as empresas que se preparam para esse cenário.

Segundo relatório do Caged, mais de 700 mil profissionais com mais de 50 anos perderam seus empregos durante a pandemia. Por outro lado, cerca de 60% das empresas afirmam no levantamento que têm dificuldade em contratar pessoas com mais de 50 anos, mas 91% acreditam que os profissionais nessa faixa etária têm dificuldade em ser contratados.

O levantamento identificou que as organizações são etaristas: percepção de 78% das empresas participantes. Segundo as informações da pesquisa, o discurso do mercado sobre a importância do tema não condiz com a prática, uma vez que faltam ações concretas das organizações. Um exemplo: 80% das empresas respondentes não possuem políticas específicas e intencionais de combate à discriminação etária em seus processos seletivos. Além disso, não há uma visão clara sobre como deixar de ser etarista, uma vez que a intenção de ações a serem implementadas são mais generalistas e já conhecidas como mentoria e gestão do conhecimento, e não intencionais como revisão de políticas e inclusão de 50+ em processos seletivos.

Mórris Litvak, fundador da Maturi (empresa especializada no mercado 50+), explica que o Brasil que tem um alto índice de desemprego também enfrenta o déficit de mão de obra na área de tecnologia. Para ele, vagas que não serão preenchidas somente com a abertura de vagas nas universidade.

“O Brasil vive uma guerra global de talentos. Ao mesmo tempo em que presenciamos desemprego em níveis recordes durante a pandemia, setores mais relacionados à tecnologia e inovação enfrentam um déficit de mão de obra que não será preenchido apenas com a abertura de vagas em universidades. Principalmente, porque olhar exclusivamente para o início da formação profissional significa deixar de fora a parcela da população que mais cresce no Brasil e no mundo: o público 50+”, comenta Litvak.

Mas o envelhecimento já é percebido nas empresas. Três em cada cinco pesquisados afirmaram acreditar que o envelhecimento da população terá impactos para a sua empresa, 41% já sentem esses impactos e 88% concordam total ou parcialmente com a afirmação de que as empresas que se prepararem para o envelhecimento estarão em vantagem. Portanto, essa não é mais uma questão a ser considerada apenas em cenários futuros.

Apesar da percepção do envelhecimento, a pesquisa mostra que 33% dos entrevistados não praticam nenhuma ação voltada ao tema e, entre as que já praticam algo, as ações costumam ser ainda pontuais e incipientes. Palestras de conscientização e estruturação de grupos de afinidade estão entre as medidas mais implementadas.

“A tendência é que a questão do envelhecimento dos profissionais se torne ainda mais relevante nos próximos três anos, a partir de ações estimuladas pelo RH. O estudo mostra que 57% das organizações pretendem executar ações voltadas ao envelhecimento, como investir no recrutamento de profissionais maduros e na preparação da cultura organizacional, até 2025”, afirma Morris.

Parceira da Maturi no levantamento, a EY que conta com iniciativas próprias para integração do público com 50+, a consultoria acredita que, de alguma maneira, algumas empresas já deram início à implementação de ações que possam acelerar a disseminação de uma cultura inclusiva em toda a organização.

“Por outro lado, há muito trabalho a ser feito no Brasil em relação a essa pauta, principalmente para que as lideranças a enxerguem como oportunidade estratégica em um país que envelhece a passos acelerados, deixando de ser a principal barreira de entrada dessa população nas organizações.”, explica Raquel Thomazi, gerente de People Advisory Services da EY Brasil.

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