Pesquisa mostra que ESG entrou na agência de executivos de finanças do Brasil

Vida de Empresa - Sustentabilidade 30 de setembro de 2022
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Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Finanças de São Paulo (IBEF-SP), com o apoio da PwC Brasil, aponta que 78% dos executivos de finanças do país consideram as ameaças climáticas relevantes ou muito relevantes para o sucesso dos negócios. Segundo o levantamento  “ESG para executivos de finanças”, que ouviu 80 organizações de São Paulo, a importância em relação aos riscos ambientais é maior entre executivos de empresas de grande porte. 

De acordo com os dados, 64% dos ouvidos declararam envolvimento da área financeira na execução das estratégias em Environmental, Social and Governance (ESG). Ainda de acordo com o estudo, apenas 23% dos CFOs indicam que suas organizações possuem um processo maduro para medição dos temas socioambientais. Esse resultado indica que o mercado ainda está no início da caminhada de implementação de boas práticas socioambientais. 

Quando questionados sobre a descarbonização, a pesquisa traz outro alerta: somente 33% dos executivos de finanças afirmam que suas empresas têm algum tipo de compromisso formal. Mais de 60% dos entrevistados também declararam não ter indicadores de sustentabilidade claros e harmonizados com os padrões internacionais em suas organizações. 

“Como nos negócios em geral, a visão estratégica e mais pragmática do CFO, combinada à sua capacidade de avaliação de riscos e oportunidades financeiras, deve, também, ser incorporada à temática ESG. O sucesso nessa área definirá o futuro da companhia”, explica Meily Franco, vice-presidente do IBEF-SP e coordenadora da pesquisa.

Para Meily, ESG não é um modismo e, sim, um tema relevante e que tem impacto na saúde financeira das empresas. 

“Reportar e gerenciar metas financeiras e não financeiras relacionadas aos aspectos ambientais, sociais e de governança são tarefas cada vez mais relevantes e urgentes. ESG é parte da estratégia. Quanto mais cedo as empresas se prepararem para esse desafio, maiores serão as chances de sucesso”, acrescenta.

Segundo os entrevistados, metade das organizações possui um programa de inclusão e diversidade claramente estruturado. A pesquisa aponta que mais de 40% das empresas contam com ações que podem ser aprimoradas e mais bem estruturadas, enquanto apenas 9% não possuem iniciativas relevantes. 

“Sabemos que essa jornada está só começando, mas o executivo de finanças deverá estar atento a como essas questões impactam os negócios, no curto e médio prazo, e a como incorporá-las na estratégia e na declaração de propósito da organização. O futuro depende de uma postura ativa sobre o tema ESG e exige do CFO um papel preponderante nesse novo ambiente, como um ente essencial no acompanhamento e na adoção de práticas sustentáveis”, afirma Maurício Colombari, sócio da PwC Brasil.

Os temas de saúde e segurança também passaram a ter uma importância ainda maior com o avanço da pandemia da Covid-19. Esse cenário é refletido na opinião de 92% dos executivos de finanças, sendo que 74% afirmam investir em programas que fomentem a saúde, a segurança e o bem-estar dos colaboradores.

Quase a totalidade dos executivos de finanças (98%) considera o papel das organizações relevante ou muito relevante no combate às desigualdades. Em contrapartida, mais da metade dos executivos afirma que os investimentos nas comunidades e no entorno das organizações não são feitos ou são insuficientes. Entre os CFOs, mais de 70% também indicam que as organizações não têm mecanismos para quantificar esses benefícios, o que é um instrumento importante para o direcionamento de recursos para ações que geram mais impacto. Esses resultados revelam uma assimetria entre a percepção da importância do tema e as ações efetivamente realizadas.

Para aproximadamente 80% dos CFOs, os incentivos fiscais são relevantes ou muito relevantes para o avanço dessa agenda, ensejando as preocupações relacionadas aos investimentos que precisam ser feitos do ponto de vista operacional; e das questões de transição energética e redução do custo do carbono.

Há concordância de 89% dos CFOs sobre imposto verde, mas 66% têm ressalvas, notadamente, com o aumento da carga tributária. Neste sentido, 38% entendem ser necessária uma reforma tributária para adoção desses impostos, tendo em vista o peso atual da carga tributária para o setor produtivo.

Apenas 31% dos executivos de finanças consideram a estrutura de governança adequada para tratar de temas socioambientais, o que representa um ponto de atenção importante para as organizações. De acordo com o estudo, metade das empresas publica algum tipo de relatório de sustentabilidade no Brasil ou na matriz no exterior. No entanto, chama a atenção que 35% das empresas participantes não emitam – nem pretendam emitir – relatórios dessa natureza.

Entre os CFOs, quase metade (49%) entende que o seu papel deve ser de protagonista nos temas de ESG, enquanto outros 38% julgam que podem exercer um papel de apoio às demais áreas envolvidas, com foco específico em temas mais relacionados às finanças.

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