Radar 2022 – Tendências, complexidades e múltiplas variáveis sobre a mesa

Imagem Corporativa 11 de fevereiro de 2022
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2023, O ANO QUE JÁ COMEÇOU

O mês de janeiro já deixou claro na tela do radar os temas que serão protagonistas ao longo de 2022 bem como deu pistas em relação ao cenário que deve ser encontrado daqui a um ano, depois de meses de grande intensidade.

Nesse período terão papel garantido a crescente temperatura política a caminho das eleições gerais de outubro, além do vigor da inflação, o ímpeto dos juros, os desafios sociais e ambientais — para ficar nos temas mais óbvios. Mas essas variáveis não ficarão isoladas. Estarão situadas em um território onde outros elementos se movem de forma decidida, às vezes mais, outras vezes menos silenciosamente.

Portanto, mais do que olhar o calendário que se esgota em 31 de dezembro é necessário mirar as tendências que já desenham 2023 e esboçam o restante da década, abrindo espaço para reflexões sobre as décadas seguintes. Exagero? Não se olharmos para outras geografias que fazem suas lições de casa com essa linha do tempo em mente.

Os Estados Unidos sob Joe Biden preparam um pacote superior a US$ 3 trilhões na área de infraestrutura para modernizar vários setores da vida nacional e atender necessidades represadas de boa parte de sua população ao longo desta década. A União Europeia já deu a largada ao seu Green Deal, pacto continental baseado no compromisso de seus 27 estados membros que prevê a redução das emissões do bloco em pelo menos 55% até 2030 (comparativamente a 1990), tornando assim a região carbon neutral em 2050. O Green Deal inclui a criação de fontes mais limpas de energia baseadas em inovações tecnológicas e a adoção de abordagens mais sustentáveis em diferentes dimensões. Trata-se de um projeto a ser implantado a um custo superior a 1 trilhão de Euros.

Enquanto isso, a China avança a todo vapor na sua nova rota da seda, conhecida como “One belt, one road” uma ousada iniciativa destinada a integrar diferentes projetos de obras terrestres e marítimas que conectarão Oriente Médio, Europa, África e Ásia e irão favorecer exportações do país. Custo total desse plano: US$ 5 trilhões, mais de três vezes o Produto Interno Bruto brasileiro.

A mesma China, a propósito, acaba de desbancar o Brasil da condição de maior parceiro comercial da Argentina, país onde os chineses irão fazer um megainvestimento superior a US$ 8 bilhões para construir uma central nuclear. Não é um caso isolado na região: estima-se que o comércio da China com a América Latina em 2021 tenha atingido a marca recorde de US$ 400 bilhões, mostrando um papel cada vez mais relevante do país asiático nas relações comerciais com a região. Esse movimento ganhou impulso adicional com o fornecimento de vacinas Coronavac para ajudar diferentes governos no combate à Covid-19.

Ao falar em América Latina neste momento é difícil ignorar o tema inflação. Se no Brasil ela ultrapassou 10% no ano passado e foi a maior dos últimos sete anos, na Argentina os preços subiram mais de 50%, no pior resultado em 30 anos. O México registrou a mais alta inflação desde 2001 e no Chile o índice não era tão alto desde 2007; no caso do Peru a inflação foi a maior desde 2008. A Colômbia atingiu a pior marca desde 2016.

Gastos oficiais não previstos e destinados a irrigar diferentes economias da região em função da Covid-19 impactaram negativamente as contas públicas de vários governos. E isso em um período de movimentações políticas relevantes em pleno curso: o Peru e o Chile elegeram novos presidentes em 2021 em disputas fortemente polarizadas, e 2022 terá eleições presidenciais no Brasil e na Colômbia em cenários igualmente sensíveis. Em 2023 será a vez da Argentina votar para presidente.

“Muitos países (da América Latina) se encontram em uma situação em que o apoio fiscal ainda é inestimável para proteger vidas e meios de subsistência. Ao mesmo tempo, os governos também estão enfrentando questões sobre sua dívida elevada e necessidades brutas de financiamento”, alerta o Fundo Monetário Internacional.

 

 

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