Em um ambiente em que tudo muda rápido — o mercado, a tecnologia, as relações — a comunicação costuma ser a primeira habilidade que deixamos para depois. Mas, paradoxalmente, é ela que sustenta tudo o que fazemos: liderar, decidir, persuadir, acolher, transformar.
Vivemos a era da eficiência. Da automação. Do imediatismo. Mas também vivemos — talvez sem perceber — a era da solidão. Uma pesquisa da Talk Inc mostrou que 1 em cada 10 brasileiros já recorre a chats de inteligência artificial para desabafar e buscar conselhos. Ao mesmo tempo, o Brasil lidera o ranking de ansiedade da OMS e aparece como o 5º país mais depressivo do mundo. Estamos hiperconectados — e cada vez mais sozinhos!
Esse não é apenas um dado de saúde pública. É um alerta para as empresas, para as lideranças, para todos que tomam decisões que afetam pessoas.
A ascensão da IA está transformando não só o mercado — está transformando nossos vínculos mais íntimos. E é neste cenário que a comunicação ganha uma nova camada de urgência: ela precisa ser mais humana do que nunca.
Comunicação não é um “plus”. É core business!
Nos treinamentos e mentorias que conduzo, ouço com frequência: “Já fiz curso de oratória”, “Já apresentei em eventos”, “Não preciso treinar comunicação.”
Mas comunicação não é apenas sobre palco. É sobre impacto. É sobre consequência. A comunicação é o que liga o racional ao emocional. O estratégico ao humano.
Não é por acaso que muitos CEOs estão voltando a estudar filosofia, história e literatura. Em um mundo saturado por dashboards e decisões baseadas em dados, o que diferencia uma liderança é o julgamento ético, o olhar contextual, a empatia e a capacidade de inspirar. ]
E se você ainda acha que essa habilidade pertence ao “campo subjetivo”, vale uma provocação: até para usar bem a inteligência artificial, é preciso se comunicar bem. Um bom prompt começa com uma boa pergunta. E a qualidade da pergunta depende da clareza da intenção, da narrativa, do pensamento estruturado. Esse é o poder da comunicação.
A cada novo grupo que treino, vejo executivos brilhantes redescobrindo algo essencial: que a forma como se comunicam diz muito sobre como se posicionam no mundo. Que uma fala clara pode resolver um conflito. Que uma escuta ativa pode abrir portas. Que a empatia, expressa em palavras e gestos, pode transformar uma equipe.
A revolução tecnológica é inevitável. Mas a revolução humana depende de escolha. E começa, todos os dias, pela forma como nos comunicamos.
Você ainda acha que comunicação é só sobre “falar bem”?
01 de julho de 2025
